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Sensibilidade


Sensibilidade do paladar;
                     da audição;
                     do olfato;
                     do tato.
                                  Sensibilidade do raciocínio.
Velocidade do raciocínio, ter sensibilidade a razão.

Não há conclusões precipitadas, não há sentidos equivocados, não ações emocionais.

Sensibilidade para ações.


NA ARTE NÃO  HÁ  lugar PARA EMOÇÃO.

Há saída

Saída há várias, porém há saídas que são verdadeiras entradas.
Buscar uma saída é para fora.
É uma retirada, uma conversão, uma mudança de direção.
E o que é uma saída?
Saída é uma decisão, uma decisão de mudar uma situação qualquer.
Podemos sair de uma situação por uma saída que é uma verdadeira entrada para uma situação sem saída.
Mas sempre há uma saída.

Essa, inevitavelmente é onde há luz.

outros bla bla, blas...

..refletindo sobre a condição para ser tornar um artista, basta uma. Querer ser, é assim mesmo, basta querer e começar a eleger o que é arte e o que não é.
No entanto há algumas perversidades  nessa transformação. Se o que é eleito como arte, produto de sua criação, pesquisa, estudo, chame do que quiser, não estiver sintonizado com a mundanidade, muito difícil de ser consumida. Claro, a arte como um produto qualquer é consumida, pode até classifica-la no contexto da mais valia, etc e bla, bla, bla.
Não raro vemos em ambientes onde há um amontoado de arte, muita gente. Curiosidade, se entre olham muito, se observam mais do que as artes ali colocadas.

Como esse segmento de produção está muito ligado com as emoções, há as aberrações, artes que não é nada, mas  repletas de emoção, são facilmente consumidas, admiradas, teorizados, etc, outro bla, bla, bla.
Penso que uma  fundamental importância para um sujeito querer ser artista, é esquecer o mundo, não dar a mínima atenção para os outros. Viver sua intensão.
Os críticos, os agenciadores, os intermediadores, são figuras descartáveis, desprezivéis para uma boa arte ser desenvolvida.
Na arte esses sujeitos, querem  ser penduricalhos, querem tirar do bolso seu carimbo e estampar: "é arte", "não é arte". São otimos carimbadores, justificam na temporalidade, na história, no modo de fazer, na intensão e mais bla, bla, bla.
Os artistas para fazerem seu trabalho bem feito, deve ouvir todos os blas, blas, blas, dá um sorriso, virar as costas e seguir seu caminho, sempre oposto a maioria.


Alguma coisa imposta

Os próprios artistas justificam, sustentam seu engenho com declarações programáticas e inventivas.

Para, na ocorrência da obra de arte ter-se que demonstrar ser verdadeira no desempenho de uma função social, cria-se uma literatura especializada.
Essa literatura consiste em demonstrar que o que é feito como arte é verdadeiramente arte.
A crítica é o liame entre a arte e a sociedade, essa ligação é sempre da arte para o social e nunca o contrário.

Portadores de lanterna


Cada artista tem o seu engenho, seus programas de pesquisas, sua maneira de participar da história.
Há 3 variáveis: velocidade, distância, e tempo,  Descartes após Pitágoras serviu-se apenas de uma parte para forçar uma conclusão inconclusiva, depois Gauss até Rieman, enfim Einstein.
Na proposição de uma das variáveis, a distância, fica claro a necessidade de uma velocidade num espaço de tempo, que nos leva ao espaço-tempo. (Einstein)
No programa de pesquisa para uma arte, esse espaço-tempo gravita na história, sabe-se apenas que houveram múltiplas intenções, incomensuráveis pela velocidade.
Com uma proposição determinada há a relatividade crítica, que revela-se no fazer (engenho) do artista.
O resultado é certamente um dado experimental, não é um acertiva.
Contudo no programa não há um ordem de acontecimentos e nessa “desordem” das vizinhanças dos acontecimentos está a velocidade no espaço-tempo.
Portanto as críticas aos programas de pesquisa não pertencem exclusivamente ao processo criativo físico observado, mas sobretudo ao ponto de vista do observador.
Essa é a razão para as considerações críticas ao trabalho artístico serem relativas ao espaço-tempo e serem desprezados logo de ínício.
É um estádio posterior a feitura, portanto se torna necessário o cuidado, pois como uma pseudo coordenada, oferece um posicionamento relativo.
Assim sendo a distância à manter da matéria gravitacional (crítica) deve ser escolhida a obter um intervalo de acontecimentos vizinhos, definido, independente do caminho a seguir no deslocamento de um para outro acontecimento, tendo a distância mantida pela escolha do tempo.


Questões da distância #1

Double negative - M. Heizer
Na visão de um objeto próximo captamos sua superfície e até detalhes conforme o aguçamento da visão.

A visão de um objeto distante se relaciona na dependência que ele mantém com o espaço circundante e, até com o ar e a luz, pois  interferem.

As imagens geradas pelos objetos pertos ou distantes, são diferentes, são fruições distintas, porém verdadeiras.

Concluir que pela variação da distância estaura o simulacro, não é acertado.

Há sensações diferentes.

A sensação é uma transformação pela ação de um estado para outro em nosso meio e ocupando o espaço mental.

Questões das distâncias

pela distância: o corpo é acrescido de condições ambientais, espaço circundante, abrangente

pela proximidade : não está acrescido de condições ambientais amplificadas, porém há outros aspectos  que se sobressaem.

São 2 sensações ( fruições) diferentes, portanto 2 raciocínios diferentes, assim a existência das percepções confirmam as diferentes fruições, do mesmo objeto.

Sobre raciocínio e sensação apesar das diferenças, a sensação não é causa, mas um efeito, ela não é desencadeada por si só, mas motivada por alguma causa externa e não há como refutá-la.
Sensação sem idéia não existe.

Double negative - M. Heizer

Caminhar é ter falta de lugar



VER > é uma ação da ordem dos lugares
Retória da caminhada  - o olhar
Um lugar como configuração instaura posições, implica numa indicação de estabilidade.
Uma alidade,  um ângulo, uma perspectiva


IR> é uma ação da ordem dos espaços
Imobilidade do dentro e do fora
Espaço disciplinar <> espaço disciplinador
Praticas organizadoras de espaço – a bipolaridade entre o mapa e o percurso
Identificando lugares criamos espaços

A land art na transformação de  lugares em espaços, numa espacialidade que não organiza nem determina fronteiras, ela civiliza a natureza, coloniza e altera em um produto de um lugar, portanto é história  passando o lugar de um estatuto para outro  – museográfico.

Separar, reunir, transformar  em documentos  certos fazeres em objetos distintos e utilizados para uma maneira precisa de pesquisar é a ação constituinte do trabalho.
Esses objetos componentes que preenchem lacunas como um “ sistema marginal” são vestígios que irão modificar o lugar transformando-o em espaço.


Na produção desses novos objetos, isolados, modificados e que conservam uma ordem que passa a ser definida, torna-os uma parcela do todo.

Dessa propositura, essa coleção de coisas, redefine, restabelece e instaura um  recomeço, tornando possível outra história – “documentos utensílios”, podendo serem abrigados em local hermético, galerias, museus e afins.

Sendo a leitura em função de um lugar pré definido, buscando sua transformação espacial, torna as pesquisas pertinentes à problemática historiográfica, portanto, se a organização da história é relativa a um lugar e a um tempo, se cada sociedade se pensa historicamente com os instrumentos que lhe são próprios, então os fazeres são componentes intrisecos da propositura , porem a articulação da história com o lugar não é condicionante.


Podendo  mesmo na formalização da pesquisa tornar os resultados  dela, um elenco de erros, insuficiências, e falhas que mesmo assim serão cientificamente utilizáveis, fornecendo meios de fazer aparecer diferenças relativas a transformação do lugar em espaço, buscando e encontrando aquilo que falta, tornando compatíveis os contrários.

Temporalidade


Visão - Imaginação
Audição - Imaginação

Espaço interno  -  campo
Espaço externo  - campo

Abrangência temporal

Volume alto  -  ocupação
Volume baixo  -  ocupação


Distância das cores


... cada cor tem a sua reflexão da luz,
...cada cor tem a sua correspondência material,
...cada cor tem a sua distância,

nenhuma cor tem forma.

... cada som tem a sua frequência,
cada som tem o seu volume,
cada som tem a sua distância,

nenhum som tem forma.

E nenhuma cor tem som.


... faço o que faço


1. crença em uma necessidade;

2. vontade de faze-lo;

3. disposição de faze-lo;

4. todo o tempo necessário;



...preciso dela,
todo o tempo (muito) para ela,
vivo com ela,
amo.

C121A

Razão emotiva

Nova Repreta



Observação crítica dos materiais:


Artefatos e substancias / líquidos e sólidos

Orgânicos x inorgânicos

Minerais – terras/rochas

Tecidos, metais, madeiras, vidros, plásticos, papeis, borrachas, óleos, vernizes, graxas, colas, pigmentos, emulsões, resinas, peles, etc

TUDO

Surgindo  necessidades e  maneiras de utilizar materiais em assuntos quaisquer,  sendo aplicada uma investigação de objetivos  e criteriosamente suportada por uma correta intenção, visando a sua “consubstanciação” em arte, esse material passa para outra categoria.

Assim acontecendo aquele material  será usado por outros produtores de arte, invariavelmente.

A mudança de categoria de um material tem a sua importância relativizada, depende do produtor e do resultado obtido.


OU AS RELAÇÕES ENTRE A CIÊNCIA E A ARTE
A PROPÓSITO DE UMA IMAGEM 


Escultura no campo expandido




Originalmente publicado no número 8 da October, na primavera de 1979 (31-44), o texto, cujo título original é Sculpture in the Expanded Field, também foi publicado em The AntiAesthetic: Essays on PostModern Culture, Washington: Bay Press, 1984.


Por ser artigo de referência, mas de difícil acesso aos novos pesquisadores no Brasil, reeditamos aqui a tradução publicada no número 1 de Gávea, revista do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil, da PUC-Rio, em 1984 (87-93).



O único sinal que indica a presença da obra é uma suave colina, uma inchação na terra em direção ao centro do terreno. Mais de perto pode-se ver a superfície grande e quadrada do buraco e a extremidade da escada que se usa para penetrar nele. A obra propriamente dita fica portanto abaixo do nível do solo: espécie de átio, de túnel, fronteira entre interior e exterior, estrutura delicada de estacas e vigas.

Perimeters/Pavillions/ Decoys de Mary Miss (1978) é certamente uma escultura, ou mais precisamente, um trabalho telúrico.


Mary Miss. Perimeters/pavilions/Decoys. 1977,78

Nos últimos 10 anos coisas realmente surpreendentes têm recebido a denominação de escultura: corredores estreitos com monitores de TV ao fundo; grandes fotografias documentando caminhadas campestres; espelhos dispostos em ângulos inusitados em quartos comuns; linhas provisórias traçadas no deserto.

Parece que nenhuma dessas tentativas, bastante heterogêneas, poderia reivindicar o direito de explicar a categoria escultura. Isto é, a não ser que o conceito dessa categoria possa se tornar infinitamente maleável. O processo crítico que acompanhou a arte americana de pós-guerra colaborou para  com esse tipo de manipulação.
Categorias como escultura e pintura foram moldadas, esticadas e torcidas por essa crítica, numa demonstração extraordinária de lasticidade, evidenciando como o significado de um termo cultural pode ser ampliado a ponto  de incluir quase tudo. Apesar do uso elástico de um termo como escultura ser abertamente  usado em nome da vanguarda estética — da ideologia do novo — sua mensagem latente é aquela do historicismo.

O novo é mais fácil de ser entendido quando visto  como uma evolução de formas do passado.
O historicismo atua sobre o novo e o diferente para diminuir a novidade e mitigar a diferença.

Robert Morris. Observatory. 1971.
A evocação do modelo da evolução permite uma modificação em nossa experiência, de modo que o homem de agora pode ser aceito como diferente da criança que foi por ser visto simultaneamente como sendo o mesmo, através da ação imperceptível do telos. Ademais, nos confortamos com essa percepção de similitude, com essa estratégia para reduzir tudo que nos é estranho, tanto no tempo como no espaço, aquilo a que já conhecemos e somos.

A crítica perfilhou a escultura minimalista logo que esta apareceu no horizonte da experiência estética nos anos    60,  um conjunto de pais construtivistas que podiam legitimar, e portanto autenticar, o insólito desses objetos.
Plástico? Geometrias inertes? Produção industrial? — os fantasmas de Gabo, Tatlin e Lissitzky poderiam ser   convocados para atestar que nada disso era realmente estranho.
Não importava que o conteúdo de um não tivesse nada a ver com o conteúdo do outro e fosse de fato o seu posto; ou que o celulóide de Gabo fosse sinal de lucidez e inteligência enquanto que os plásticos coloridos de Judd falassem da gíria da Califórnia.

Não importava que as formas construtivistas pretendessem ser prova visual da lógica imutável e da coerência de geometrias universais enquanto que os minimalistas, aparentemente seus similares, demonstrassem ser algo eventual, indicando um Universo sustentado por cordas de arame, cola, ou pelas contingências da força da gravidade e não pela mente. 

Essas diferenças foram postas  de lado pelo furor historicista.
Com o correr do tempo ficou um pouco mais difícil manter esta radicalização. À medida que os anos 60 se  prolongavam pelos 70 e que se começou a considerar como “escultura”: pilhas de lixo enfileiradas no chão,  toras de sequóia serradas e jogadas na galeria, toneladas de terra escavada do deserto ou cercas rodeadas  de valas — a palavra escultura tornou-se cada vez mais difícil de ser pronunciada, mas nem tanto assim. 

O crítico/historiador, através de uma prestidigitação  mais abrangente, passou a construir suas genealogias  em termos de milênios e não de décadas. Stonehenge, as fileiras de Nazca, as quadras de esporte toltecas,  os cemitérios de índios — qualquer prova poderia ser arrolada no tribunal para servir como testemunha da  conexão deste trabalho com a história, legitimando, desta forma, seu status como escultura. Por não serem  exatamente esculturas, Stonehenge e as quadras de esporte toltecas são, neste caso, exemplos suspeitos de  precedente historicista.
Alice Aycock.  Maze. 1972.

Mas não importa.
O artifício pode também ser usado em vários trabalhos do início do século inspirados no primitivismo — Coluna sem fim de Brancusi serve como exemplo para se fazer a mediação entre o passado longínquo e o presente.
Ao assim agirmos, contudo, o termo escultura, que pensávamos estar resguardando, começou a se tornar obscuro. Havíamos pensado em utilizar uma categoria universal para autenticar um grupo de singularidades; mas esta categoria, ao ser forçada a abranger campo tão heterogêneo, corre perigo de entrar em colapso. Logo, ao olharmos para o buraco feito no solo, pensamos que sabemos e não sabemos o que seja escultura.
Entretanto, eu diria que sabemos muito bem o que é uma escultura.

Uma das coisas aliás que sabemos é que escultura não é uma categoria universal  mas uma categoria ligada  à história. A categoria escultura, assim como qualquer outro tipo de convenção, tem sua própria lógica interna, seu conjunto de regras, as quais, ainda que possam ser aplicadas a uma variedade de situações, não estão em si próprias abertas a uma modificação extensa. Parece que a lógica da escultura é  inseparável da lógica do monumento.

Graças a esta lógica, uma escultura é uma representação comemorativa — se situa em determinado local e fala de forma simbólica sobre o significado ou uso deste local. Um bom exemplo é a estátua eqüestre de Marco Aurélio: foi colocada no centro do Campidoglio para simbolizar com sua presença a relação entre a Roma antiga e imperial e a sede do governo da Roma moderna, renascentista. Outro monumento utilizado como marco num lugar onde devem ocorrer eventos específicos e significativos é a estátua Conversão de Constantino, de Bernini, colocada no sopé das escadas do Vaticano que ligam a Basílica de São Pedro  ao coração do governo papal.

As esculturas funcionam portanto em relação à lógica de sua representação e de seu papel como marco; daí serem normalmente figurativas e verticais e seus pedestais importantes por fazerem a mediação entre o local onde se situam e o signo que representam. Nada existe de muito misterioso sobre esta lógica; compreendida e utilizada, foi fonte de enorme produção escultórica durante séculos de arte ocidental.
A convenção, no entanto, não é imutável e houve um momento quando a lógica começou a se esgarçar. No  final do século 19 presenciamos o desvanecimento da lógica do monumento. Aconteceu gradativamente.    Neste sentido, ocorrem-nos dois casos que trazem, ambos, a marca da transitoriedade.

Tanto Portas do Inferno como a estátua de  Balzac, de Rodin, foram concebidas como monumentos.
As portas foram encomendadas em 1880 para serem instaladas num museu de artes decorativas; a estátua foi encomendada em 1891 para homenagear o gênio literário francês e deveria ser colocada em determinado local em Paris.
Auguste Rodin. Balzac. 1897.
O indício do fracasso dessas duas obras como  monumento — cujas encomendas eventualmente falharam — não é apenas o fato de existirem inúmeras versões em vários museus de diversos países, mas também a inexistência de uma versão nos locais originalmente planejados para recebê-las.
Seus fracassos também estão entalhados nas próprias superfícies: as portas foram desbastadas   excessivamente e recobertas a ponto de se tornarem inoperantes; Balzac foi executado com tal grau de subjetividade que o próprio Rodin, conforme suas cartas atestam, não acreditava que fosse aceito. 


Eu diria que com esses dois projetos escultóricos cruzamos o limiar da lógica do monumento e entramos no espaço daquilo que poderia ser chamado de sua condição negativa — ausência do local fixo ou de abrigo, perda absoluta de lugar. 
Ou seja, entramos no modernismo porque é a produção escultórica do período modernista que vai operar em relação a essa perda de local, produzindo o monumento como  uma abstração, como um marco ou base, funcionalmente sem lugar e extremamente auto-referencial.
Essas duas características da escultura modernista nos revelam seu status e, portanto, a condição essencialmente mutável de seu significado e função. Ao transformar a base num fetiche, a escultura absorve o pedestal para si e retira-o do seu lugar; e através da representação de seus próprios materiais ou do processo de sua construção, expõe sua própria autonomia.

Constantin Brancusi . Beginnig  of the World. 1924.

A arte de Brancusi é uma demonstração extraordinária de como isto acontece.
Num trabalho como o Galo, a base  se torna o gerador morfológico da parte figurativa do objeto; nas Cariátides e Coluna sem fim, a escultura é a base, enquanto que em Adão e Eva a escultura está numa  relação de reciprocidade com sua base.
Logo, a base pode ser definida como essencialmente móvel, marco de um trabalho sem lugar fixo, integrado em cada fibra da escultura.
Outro testemunho da perda de local é a intenção de Brancusi em representar partes do corpo como fragmentos que tendem a uma abstração radical; neste caso, local é compreendido como o resto do corpo, o suporte do esqueleto que abrigaria uma das cabeças de bronze ou de mármore.
Ao se tornar condição negativa do monumento, a escultura modernista conseguiu uma espécie de espaço ideal para explorar, espaço este excluído do projeto de representação  temporal e espacial, filão rico e novo  que poderia ser explorado com sucesso.

O filão era porém limitado — aberto no início deste século, esgotou-se por volta de 1950, quando começou a ser sentido, cada vez mais, como puro negativismo.
Neste ponto a escultura modernista surgiu como uma espécie de buraco negro no espaço da consciência, algo cujo conteúdo positivo tornou-se progressivamente mais difícil de ser definido e que só poderia ser localizado em termos daquilo que não era.

Nos anos 50, Barnett Newman disse: “Escultura é aquilo com que você se depara quando se afasta para ver uma pintura.” A respeito dos trabalhos encontrados no início dos anos 60, seria mais apropriado dizer que a escultura estava na categoria de terra-de-ninguém: era tudo aquilo que estava sobre ou em frente a um prédio que não era prédio, ou estava na paisagem que não era paisagem.

      Robert Morris. Sem título ( mirrored boxes). 1965.


Os exemplos mais cristalinos do início dos anos 60 que nos ocorrem são ambos de Robert Morris.
Um deles foi exposto em 1964 na Green Gallery: dígitos quase arquiteturais cuja condição como escultura se reduz simplesmente a ser aquilo que está no quarto que não é realmente quarto; o outro trabalho são caixas espelhadas expostas ao ar livre — caixas cujas formas diferem do cenário onde se encontram somente porque, apesar da impressão visual de continuidade com relação à grama e às árvores, não fazem parte da paisagem.
Neste sentido, a escultura assumiu sua total condição de lógica inversa para se tornar pura negatividade, ou seja, a combinação de exclusões.

Poderia-se dizer que a escultura deixou de ser algo positivo para se transformar na categoria resultante da soma da não-paisagem com a não-arquitetura.




O limite da escultura modernista, a soma do nem/nenhum podem ser representados em forma de diagrama: O fato de ter a escultura se tornado uma espécie de ausência ontológica, a combinação de exclusões, a soma do nem/nenhum, não significa que os termos que a construíram — não-paisagem e não-arquitetura — deixassem de possuir certo interesse.

Isto ocorre em função de esses termos expressarem uma oposição rigorosa entre o construído e o não construído, o cultural e o natural, entre os quais a produção escultórica parecia estar suspensa.
A partir do final dos anos 60 a produção dos escultores começou, gradativamente, a focalizar sua atenção nos limites externos desses termos de exclusão.


Ora, se esses termos são a expressão de uma oposição lógica colocada como um par de negativos, podem ser transformados, através de uma simples inversão, nos mesmos pólos antagônicos expressos de forma positiva. Ou seja, de acordo com a lógica de um certo tipo de expansão, a não-arquitetura é simplesmente uma outra maneira de expressar o termo paisagem,  e não-paisagem é simplesmente arquitetura.
A expansão à qual me refiro é chamada grupo Klein1 quando empregada matematicamente e tem várias outras denominações, entre elas grupo Piaget, quando usada por estruturalistas envolvidos nas operações de mapeamento na área das ciências humanas.
Através dessa expansão lógica, um conjunto de binários é transformado num campo quaternário que simultaneamente tanto espelha como abre a oposição original. Torna-se um campo logicamente ampliado, que se assemelha ao diagrama.

As dimensões dessa estrutura podem ser analisadas da seguinte maneira:

1) existem dois tipos de relações de pura contradição que são denominados eixos (posteriormente diferenciados em eixo complexo e eixo neutro), indicados pelos seus contínuos (ver o diagrama no topo);

2) existem duas relações de contradição expressas como involução, chamadas de esquemas, indicadas pelas setas duplas;

3) existem duas relações de envolvimento, denominadas deixes, indicadas pelas setas partidas.


Apesar de a escultura poder ser reduzida àquilo que no grupo Klein é o termo neutro da não-paisagem mais a não-arquitetura, não existem motivos para não se imaginar um termo oposto — que tanto poderia ser paisagem como arquitetura — denominado complexo dentro deste esquema.
Mas pensar o complexo é admitir no campo da arte dois termos anteriormente a ele vetados: paisagem e arquitetura — termos estes que poderiam servir para definir o escultórico (como começaram a fazer no modernismo) somente na sua condição negativa ou neutra.
Por motivos ideológicos o complexo permaneceu excluído daquilo que poderia ser denominado a closura2 da arte  pósrenascentista.

Joel Shapiro. Sem Título. ( cast iron and plaster houses). 1974 - 1975.
Nossa cultura não podia pensar anteriormente sobre o complexo, apesar de outras culturas terem podido fazê-lo com maior facilidade. Labirintos e trilhas são ao mesmo tempo paisagem e arquitetura; jardins japoneses são ao mesmo tempo paisagem e arquitetura; os campos destinados aos rituais e às procissões das antigas civilizações eram, indiscutivelmente, neste sentido, os ocupantes do complexo. Isto não quer dizer que eram uma forma prematura ou degenerada, ou uma variante da escultura.
Faziam sim parte de um universo ou espaço cultural, do qual a escultura era simplesmente uma outra parte e não a mesma coisa, como desejaria a nossa mentalidade historicista.

Suas finalidade e deleite residem justamente em serem opostos e diferentes.
O campo ampliado é portanto gerado pela problematização do conjunto de oposições, entre as quais está suspensa a categoria modernista escultura. Quando isto acontece e quando conseguimos nos situar dentro dessa expansão, surgem, logicamente, três outras categorias facilmente previstas, todas elas uma condição do campo propriamente dito e nenhuma delas assimilável pela escultura.

Pois, como vemos, escultura não é mais apenas um único termo na periferia de um campo que inclui outras possibilidades estruturadas de formas diferentes. Ganhasse, assim, “permissão” para pensar essas outras formas. Nosso diagrama é, por conseguinte, feito da seguinte maneira: Parece bastante claro que a permissão (ou pressão) para pensar a ampliação desse campo foi sentida por vários artistas mais ou menos o mesmo tempo, entre os anos de  1968 e 1970.
Robert Morris, Robert Smithson, Michael Heizer, Richard Serra, Walter de Maria, Robert Irwin, Sol LeWitt, Bruce Nauman, um depois do outro, assumiram uma posição cujas condições lógicas já não podem ser descritas como modernistas.


 Carl Andre. Cuts. 1967.
Precisamos recorrer a um outro termo para denominar essa ruptura histórica e a transformação no campo cultural que ela caracteriza. Pós-modemismo é o termo já em uso em outras áreas da crítica. Parece não haver motivos para não usá-lo. Qualquer que seja o termo usado, a evidência já existe. Por volta de 1970, Robert Smithson, com Partially Buried Woodshed, na Kent State University, em Ohio, começou a ocupar o eixo do complexo que, para facilitar a referência, chamou de local de construção.
Em 1971, com seu observatório construído em madeira e grama, na Holanda, Robert Morris se uniu a Smithson. Desde então muitos outros artistas, como Robert Irwin, Alice Aycock, John Mason, Michael Heizer, Mary Miss e Charles Simonds, têm trabalhado dentro deste novo conjunto de possibilidades.
A combinação de paisagem e não-paisagem começou igualmente a ser explorada no final dos anos 60.


O termo locais demarcados é usado tanto para identificar trabalhos como Spiral Jetty (1970), de Smithson, e Double Negative (1969), de Heizer, como para descrever alguns trabalhos dos anos 70 feitos por Serra, Morris, Carl Andre, Denis Oppenheim, Nancy Holt, George Trakis e muitos outros.
Além da manipulação física dos locais, este termo também se aplica a outras formas de demarcação. Essas formas podem operar através da aplicação de marcas não permanentes como, por exemplo, Depressions, de Heizer, Time Lines, de Oppenheim, Mile Long Drawing, de De Maria, ou através da fotografia Mirror Displacements in the Yucatan, de Smithson, foram provavelmente os primeiros exemplos conhecidos, mas desde essa época o trabalho de Richard Long e Hamish Fulton tem focalizado a experiência fotográfica de demarcar.
Runing Fence, de Christo, pode ser considerada uma forma não permanente, fotográfica e política de demarcar um local.
Os primeiros artistas que exploraram as possibilidades da arquitetura mais não-arquitetura foram Robert Irwin, Sol LeWitt, Bruce Nauman, Richard Serra e Christo. Em todas  essas estruturas axiomáticas existe uma espécie de intervenção no espaço real da arquitetura, às vezes através do desenho ou, como nos trabalhos recentes de Morris, através do uso do espelho. Da mesma forma que a categoria do local demarcado, a fotografia pode ser utilizada para esta finalidade; penso aqui nos corredores de vídeos de Nauman.
No entanto, qualquer que seja o meio de expressão empregado, a possibilidade explorada nesta categoria é um processo de mapeamento das características axiomáticas da experiência arquitetural — as condições abstratas de abertura e closura — na realidade de um espaço dado.
A ampliação do campo que caracteriza este território do pós-modemismo possui dois aspectos já implícitos na descrição acima.

Richard Serra. 5:30. 1969.


Um deles diz respeito à prática dos próprios artistas; o outro, à questão do meio de expressão.
Em ambos, as ligações das condições do modernismo sofreram uma ruptura logicamente determinada.
Com relação à prática individual, é fácil perceber que muitos dos artistas em questão se viram ocupando, sucessivamente, diferentes lugares dentro do campo ampliado. Apesar de a experiência desse campo sugerir que a recolocação contínua de energia é totalmente lógica, a crítica de arte, ainda servil ao  sistema modernista, tem duvidado desse movimento, chamando-o de eclético.

A suspeita de uma trajetória artística que se move contínua e desordenadamente além da área da escultura deriva obviamente da demanda  modernista de pureza e separação dos vários meios de expressão (e portanto a especialização necessária de um artista dentro de um determinado meio).

Entretanto, o que parece ser eclético sob um ponto de vista, pode ser concebido como rigorosamente lógico de outro. Isto porque, no pós-modernismo, a práxis não é definida em relação a um determinado meio de expressão — escultura — mas sim em relação a operações lógicas dentro de um conjunto de termos culturais para o qual vários meios — fotografia, livros, linhas em parede, espelhos ou escultura propriamente dita — possam ser usados.
 F.Zanforlin. Punctae. 1975.


Portanto, o campo estabelece tanto um conjunto ampliado, porém finito, de posições relacionadas para determinado artista ocupar e explorar, como uma organização de trabalho que não é ditada pelas condições de determinado meio de expressão. Fica óbvio, a partir da estrutua acima exposta, que a lógica do espaço da práxis pós-modernista já não é organizada em torno da definição de um determinado meio de expressão, tomando-se por base o material ou a percepção deste material, mas sim através do universo de termos sentidos como estando em oposição no âmbito cultural.

 (O espaço pós-modernista da pintura envolveria, obviamente, uma expansão similar em torno de um conjunto diferente de termos do binômio arquitetura/paisagem — um conjunto que provavelmente faria oposição ao binômio unicidade/reprodutibilidade).
Conseqüentemente, dentro de qualquer uma das posições geradas por um determinado espaço lógico, vários meios diferentes de expressão poderão ser utilizados.

Ocorre também que qualquer artista pode vir a ocupar, sucessivamente, qualquer uma das posições. Da mesma forma, na posição limitada da própria escultura, a organização e conteúdo de um trabalho marcante irão refletir a condição do espaço lógico. Refiro-me à escultura de Joel Shapiro a qual, apesar de se inserir no termo neutro, está envolvida no estabelecimento de imagens de arquitetura dentro de campos (paisagens) relativamente vastos de espaço. (Estas considerações também se aplicam, evidentemente, a outros trabalhos — por exemplo de Charles Simonds ou Ann e Patrick Poirier.)

Tenho insistido que o campo ampliado do pós-modernismo acontece num momento específico da história recente da arte. É um evento histórico com uma estrutura determinante. Parece-me extremamente importante mapear esta estrutura e é isto o que comecei a fazer aqui. Mas por se tratar de um assunto de história, é também importante explorar um conjunto mais profundo de questões que abrangem algo mais que o mapeamento e que envolvem o problema da explicação. Estas questões se referem à causa seminal: as condições de possibilidades que proporcionaram a mudança para o pós-modernismo, bem como as determinantes culturais da oposição através da qual um determinado campo é estruturado.

Certamente esta abordagem para pensar a história da forma difere das elaboradas árvores genealógicas construídas pela crítica historicista. Pressupõe a aceitação de rupturas definitivas e a possibilidade de olhar para o processo histórico de um ponto de vista da estrutura lógica.

Rosalind Krauss é crítica de arte contemporânea, historiadora da arte e professora na Universidade de Columbia (NY).
Tradução: Elizabeth Carbone Baez

Notas

1 Para uma discussão do grupo Klein, ver “On the Meaning of the Word ‘Structure’ in Mathematics”, de Marc Barbut, editado por Michael Lane em Introduction to Structuralism (New York, Basic Books, 1970); para uma utilização do grupo Piaget, ver “The Interaction of Semiotic Constraints”, de A. J. Greimas e F. Rastier, Yale French Studies, n. 41, 1968: 86-105.

2 closure – termo utilizado pela psicologia da Gestalt para descrever os processos através dos quais os objetos da percepção, lembranças, ações, conseguem estabilidade, isto é, o fechamento subjetivo de brechas, ou acabamento de formas incompletas para se constituírem em  o todo. (N.T.)
  

Coordenadas gramaticais

Conceitos de redação de textos para a Coordenação de Orações, e utilizados nas artes plásticas.

1. Coordenação gramatical e semântica;

2. Coordenação gramatical e subordinação semântica.

Nas obras  sua "Coordenação gramatical e semântica",  necessitam de conectivos, as conjunções coordenativas aditivas e as altenativas.
No  uso dos conectivos o sentido do período não se altera. Os compostos não tem uma ordenação, podem ser alterados aleatóriamente.

Nas obras  sua "Coordenação gramatical e subordinação semântica"  são organizadas de acordo com um critério. A ordem  não pode ser alterada, as orações não são independentes.


O que eu quero?
 Sempre é o início das proposições, sejam quais forem, inclusive para a vida.

Posso fazer qualquer coisa indiscriminadamente, qualquer coisa é o resultado.
SUBJUGO-ME.
A maneira que escolhi para viver e expressar-me é que fará a diferença, no espaço que ocupo(tempo/espaço), principalmente porque meu espírito é eterno.

Regra com régua



NUNCA JAMAIS,

SEMPRE AGORA.

Ascendendo a luz

SÍMILE DA LINHA



A_____visivel________Γ___________invisivel____________B

              Sensível inteligível
 Mundo físico mundo das idéias puras
  Ético apreendido pelo pensamento







Aparência sensível das coisas

AB = Totalidade da realidade
A Γ = Sensível
Γ B = Inteligível

                               Visível                                                                  Invisivel
A________ ▲___________Γ____________ε______________B
   Imagem                  Opinião                                     Raciocínio                         Intuição intelectual
   Menor                    Maior                                       Menor                               Maior
   Eikasia                   Pisti/doxa                                 Diánoia                              Nóesis




Imagem/ opinião + Raciocínio/ intuição intelectual




A▲ = eikasia = simulacro
▲ Γ = pistis/doxa = crença / opinião
Γ ε = diánoia
εB = nóesis




eikasia : imagem de uma coisa sensível , reflexos, primeiras impressões



pístis : nossa opinião, fé, conhecimento não demonstrado, nem provado, crença



diánoia : raciocínio discursivo, contato com a inteligência, afirmações
(diferente da intuição direta e imediata das coisas)



epistéme: saber, pensar, conhecer, no sentido de algo adquirido e possuído.

Crítica da Arte - História da arte




Elas sempre foram objeto de juízos de valor, até como patrimônio cultural.

Fato é que, entre produtores e público, há uma cunha que por vezes fraciona outras antagonicamente une.
Na atividade produtora surgida na medida que os interesses instigam  o desenvolvimento de uma emoção - vem as imagens.
Razão primeira, que coloca a atividade artística num nível que suscita testemunhos passíveis de interpretações e razões fracas, motiva a desordem.

Na procura de um assunto para um "programa de pesquisa", a autoridade que exige a percepção de um assunto edificante como contributo, obriga a inteligência a obediência a princípios provenientes de um reconhecimento de uma direção autêntica e protegida de falsidade e modismo.

Na fundamentação da crítica concebida apenas pela afinidade entre classes, ou numa autoridade fictícia, alienada da minuciosa pesquisa histórica além dos limites estruturais do conhecimento do assunto e do juízo de valores, essa fundamentação segue um impulso emotivo. - inevitável.

Apesar  da proximidade do crítico e artista a distância numa sociedade movida pelas relações econômicas, há manobras típicas de manipulação das ofertas, fazendo dos frutos serem acões do capricho, circunstanciais, portanto enfraquecidas pelo tempo.

O fundamento econômico está entre: valor pela critica*, valor de mercado, contendo a perspicácia dos agentes absorvidos pelos signos prementes.





*Wølfflin - Riegl - Venturi - Panofsky - Wittkower - Hauser - Benjamin - Francastel - Arnheim - Eco

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Sucedeu que, ouvindo isto todos os reis que estavam daquém do Jacaré, nas montanhas, e nas campinas, em todos os lugares, se ajuntaram eles de comum acordo para festejar o nascimento do novo bezerro da vaca malhada, o Labão, que serão leiloados no mês 11




GREENBERG: Aqui entra em cena a questão do insight direto. Seria mais ou menos como a formulação de Descartes: Como sei que existe?
Bem, eu, sei, portanto sei que eu existo.
Sua reação diante de uma obra de arte simplesmente está presente - embora seja uma reação de desatenção ou indiferença -, ela está presente.


Por enquanto, bastaria dizer que você tem essa apreensão imediata da sua própria apreensão. E essa é uma questão à parte, uma vez que as pessoas têm o hábito de mentir para si mesmas, sob a influência da cultura, a respeito de toda sorte de coisas que se lhe acontecem.

Mas os veredictos estéticos são a trama e o tecido da experiência estética.
Não é possivél evitá-los.
É por isso que digo que eles são tão não-incertos quanto o fato de sua existência.



Q.E.L.A.:
Não é pelo fato de passarem a existir, o existir é a regularidade, como qualidade da certeza, é a escolha da história.
A imediata apreensão acima dos veredictos, das mentiras, e da " anatomia dos gostos" a nada é comparável, senão a percepção imediata.
Está consciente e atento ao que ocorreu com você ao adentrar numa experiência artística.
É uma experiência única, exclusiva e sobretudo inclusiva, espontânea para dentro da história.
Você passa a fazer parte.





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04set09



Assim que penetrei a densa floresta, úmida e macia, senti sem exagero a solidão daquele lugar, apesar da população incontável de árvores.
No caminho escaldante, causando queimaduras nos meus pés, inebriada minha visão, naquele calor, sabia, para qualquer lado que olhasse não haveria absolutamente nada, sempre a mesma paisagem, areia .
Penetrando mais fundo na floresta, minha solidão desvanecia, rasgada minha alma num esplendor pela magnitude daquelas arvores.
Apesar da imensa cúpula de folhas, o silêncio era penetrante.
Andei com passos firmes, pisando naquele inferno e na maciez do fogo enterrava meus pés, subindo pelo meu corpo o calor escaldante.
O céu resplandescente cercava o sol, branco como aço, fundindo no horizonte amarelos com o azul. Areia e céu.
Por quanto tempo andei, naquela penetração desenfreada, desviando dos fustes magníficos, fazendo da minha reta curvas amigáveis, não sei.
Pelo deserto aberto para atravessá-lo, os raios de sol liberavam minha intrepidez no avanço ao horizonte. Numa combustão completa entre vontade e o querer.
A luz penetrada pelos rasgos das janelas entre folhas, numa temperatura equilibrada, seguia meus pensamentos
Meus pensamentos, com a soma dos momentos, entre os esplendidos reflexos de luz, via a cada instante o brilho ofuscante dos cristais da areia naquele perigo da imensidão desértica.
Minha vinda tinha precedido a imaginosa intenção de conhecer uma floresta selvagem. Mesmo sabendo que nunca chegaria ao outro lado, fui seguindo na certeza da minha rota pelo deserto entre dunas e árvores.