Ainda estudante de arquitetura visitava o escritório de Paulo Mendes da Rocha, no Conjunto Nacional depois na Bento Freitas com a freqüência de um estagiário, não era.
Gostava de ver os projetos que estavam em fase de construção, lias as plantas e ia para as obras, quase sempre era a Cempla, a construtora.
A construtora entendia que eu era um funcionário do escritório de arquitetura, tal era meu conhecimento do projeto, o mesmo se dava com o Paulo, acreditava ser eu um funcionário da construtora, pelo meu conhecimento do estádio das obras.
Aprendi muito vendo o desenvolvimento dessa arquitetura frente aos conceitos e possibilidades construtivas.(Completei um pouco mais meu aprendizado quando contratei o Engenheiro Mitsutani para calcular minha casa)
E foram várias as obras e projetos vivenciados: Millan (hoje casa do Paulo Leme), Nadir, Junqueira, (com uma bela biblioteca, aliás, uma das casas mais bonita e completa que vi em minha vida), Ligia King (?) (uma fantástica morada em Interlagos, com um conceito estrutural similar ao do MAC), uma outra na Chácara Flora.
Nessas minhas perambuladas pelo escritório, sempre havia algumas discussões com intelectuais, professores e artistas onde eu participava como ouvinte e sempre aprendendo.
Numa dessas, estava o Professor Flavio Motta, a quem sempre admirei, mas discordava dele em algumas de suas visões sobre as artes.
Mantenho com o Professor um respeito e admiração que me permite fazer-lhe visitas em sua residência até hoje, quando passamos o dia. Almoçamos, lanchamos entre conversas e trocas de idéias e sempre há boas histórias por ele contadas, tudo num fraterno carinho e respeito entre ambos.
Quando o Arquiteto Paulo estava finalizando o projeto do MAC para a USP numa coincidência feliz encontrei o Professor e o Arquiteto numa deliciosa discussão sobre arquitetura, eu ouvinte. (grande oportunidade de aprendizado foi aquela)
Lá pelas tantas o Professor justificando a implantação do MAC, no sentido decumanos em relação a cidade, sei lá se era isso, não me lembro mais.
Não resisti, disse:
- Tanto faz o sentido, se está no sentido cardos ou decumanos o museu é bonito pra caramba é perfeito para o lugar pra onde foi projetado !!
Os dois se olharam, o professor que não era e ainda não é fácil, disse:
- Você não sabe nada!!!. ( ou alguma coisa assim)
Respondi:
- Só sei que o museu é bonito pra caramba!!!!
Eu estava tremendo de raiva, mêdo e contentamento por defender aquele projeto.
Anos depois o Paulo me disse sobre o fato:
- O projeto é maravilhoso e ponto, o Flavio tava te amolando...
Sabendo que o Paulo Mendes da Rocha, acredita que a arquitetura é um discurso que extrapola a forma e que a cidade não precisa de penduricalhos, que precisamos é que se aprenda o que é fazer arquitetura e isso as escolas precisam ensinar. Conhecendo seu trabalho eu não tenho nenhum tipo de medo em dizer que ele o Paulo Mendes da Rocha está entre os melhores arquitetos do mundo.
Esse Prêmio Pritzker é mais do que merecido (estou me lembrando desde os projetos no escritório do Conjunto Nacional). E com os 100 mil dólares do prêmio... Tenho certeza que com ele o Paulo não irá equipar seu escritório com computadores gráficos de última geração, quiçá comprará um bom vinho.
Em tempo, o Professor Flavio Motta em Setembro de 1967 escrevia sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha na Revista Acrópole:
"... Dizer, por exemplo, que a arquitetura brasileira contemporânea, adquiriu prestígio internacional, é uma questão de prestígio que não fecha a questão. Muito pelo contrário, tem desviado o entusiasmo dos jovens para problemas competitivos, de nivelamento formal e final, conforme padrões que pouco dizem da consciência, do valor qualitativo e das possibilidades da arquitetura no Brasil. O próprio Niemeyer se esforça em corrigir essa tendência, com seu exemplar prestígio internacional, ao versar os problemas de arquitetura dentro dos rigores da crítica e da autocrítica. Artigas, também, muito pela sua atividade docente e pela sua obra, manifesta continuado empenho na recuperação, preservação e projeção da integridade da arquitetura. Paulo Mendes da Rocha não se distanciou dos ensinamentos desses dois arquitetos. Na verdade, pertence a uma geração já identificada ao Movimento Moderno, dentro das faculdades, entre o sistematizado e o institucionalizado, onde circulam as predileções e o entusiasmo por certos artistas(...) A proximidade e a simultaneidade com que procuramos situar os trabalhos de Paulo Mendes da Rocha, em relação aos dois arquitetos brasileiros, é apenas para frisar que os três estão aproximados e comprometidos à mesma experiência histórica e social.”
O professor pode me dizer que não sei nada, me comparando com êle não sei mesmo.
Não sei mesmo, só sei que o Paulo Mendes da Rocha é um arquiteto muito, muito bom, dos melhores, e o professor é um dos meus diletos amigos.
Gostava de ver os projetos que estavam em fase de construção, lias as plantas e ia para as obras, quase sempre era a Cempla, a construtora.
A construtora entendia que eu era um funcionário do escritório de arquitetura, tal era meu conhecimento do projeto, o mesmo se dava com o Paulo, acreditava ser eu um funcionário da construtora, pelo meu conhecimento do estádio das obras.
Aprendi muito vendo o desenvolvimento dessa arquitetura frente aos conceitos e possibilidades construtivas.(Completei um pouco mais meu aprendizado quando contratei o Engenheiro Mitsutani para calcular minha casa)
E foram várias as obras e projetos vivenciados: Millan (hoje casa do Paulo Leme), Nadir, Junqueira, (com uma bela biblioteca, aliás, uma das casas mais bonita e completa que vi em minha vida), Ligia King (?) (uma fantástica morada em Interlagos, com um conceito estrutural similar ao do MAC), uma outra na Chácara Flora.
Nessas minhas perambuladas pelo escritório, sempre havia algumas discussões com intelectuais, professores e artistas onde eu participava como ouvinte e sempre aprendendo.
Numa dessas, estava o Professor Flavio Motta, a quem sempre admirei, mas discordava dele em algumas de suas visões sobre as artes.
Mantenho com o Professor um respeito e admiração que me permite fazer-lhe visitas em sua residência até hoje, quando passamos o dia. Almoçamos, lanchamos entre conversas e trocas de idéias e sempre há boas histórias por ele contadas, tudo num fraterno carinho e respeito entre ambos.
Quando o Arquiteto Paulo estava finalizando o projeto do MAC para a USP numa coincidência feliz encontrei o Professor e o Arquiteto numa deliciosa discussão sobre arquitetura, eu ouvinte. (grande oportunidade de aprendizado foi aquela)
Lá pelas tantas o Professor justificando a implantação do MAC, no sentido decumanos em relação a cidade, sei lá se era isso, não me lembro mais.
Não resisti, disse:
- Tanto faz o sentido, se está no sentido cardos ou decumanos o museu é bonito pra caramba é perfeito para o lugar pra onde foi projetado !!
Os dois se olharam, o professor que não era e ainda não é fácil, disse:
- Você não sabe nada!!!. ( ou alguma coisa assim)
Respondi:
- Só sei que o museu é bonito pra caramba!!!!
Eu estava tremendo de raiva, mêdo e contentamento por defender aquele projeto.
Anos depois o Paulo me disse sobre o fato:
- O projeto é maravilhoso e ponto, o Flavio tava te amolando...
Sabendo que o Paulo Mendes da Rocha, acredita que a arquitetura é um discurso que extrapola a forma e que a cidade não precisa de penduricalhos, que precisamos é que se aprenda o que é fazer arquitetura e isso as escolas precisam ensinar. Conhecendo seu trabalho eu não tenho nenhum tipo de medo em dizer que ele o Paulo Mendes da Rocha está entre os melhores arquitetos do mundo.
Esse Prêmio Pritzker é mais do que merecido (estou me lembrando desde os projetos no escritório do Conjunto Nacional). E com os 100 mil dólares do prêmio... Tenho certeza que com ele o Paulo não irá equipar seu escritório com computadores gráficos de última geração, quiçá comprará um bom vinho.
Em tempo, o Professor Flavio Motta em Setembro de 1967 escrevia sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha na Revista Acrópole:
"... Dizer, por exemplo, que a arquitetura brasileira contemporânea, adquiriu prestígio internacional, é uma questão de prestígio que não fecha a questão. Muito pelo contrário, tem desviado o entusiasmo dos jovens para problemas competitivos, de nivelamento formal e final, conforme padrões que pouco dizem da consciência, do valor qualitativo e das possibilidades da arquitetura no Brasil. O próprio Niemeyer se esforça em corrigir essa tendência, com seu exemplar prestígio internacional, ao versar os problemas de arquitetura dentro dos rigores da crítica e da autocrítica. Artigas, também, muito pela sua atividade docente e pela sua obra, manifesta continuado empenho na recuperação, preservação e projeção da integridade da arquitetura. Paulo Mendes da Rocha não se distanciou dos ensinamentos desses dois arquitetos. Na verdade, pertence a uma geração já identificada ao Movimento Moderno, dentro das faculdades, entre o sistematizado e o institucionalizado, onde circulam as predileções e o entusiasmo por certos artistas(...) A proximidade e a simultaneidade com que procuramos situar os trabalhos de Paulo Mendes da Rocha, em relação aos dois arquitetos brasileiros, é apenas para frisar que os três estão aproximados e comprometidos à mesma experiência histórica e social.”
O professor pode me dizer que não sei nada, me comparando com êle não sei mesmo.
Não sei mesmo, só sei que o Paulo Mendes da Rocha é um arquiteto muito, muito bom, dos melhores, e o professor é um dos meus diletos amigos.
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