Teses by Walter Benjamin

Dentre elas, uma que me sobrevem o interesse é a de número 9.
" Minhas asas estão prontas para o vôo,
Se pudesse, eu retrocederia.
Se ficasse no tempo vivo,
eu teria menos sorte."
Gerhard Scholem , Saudação do anjo
Mein flügel ist zum bereit de Schwung,
ich kehrte gern zurück,
denn blieb ich auch lebendige Zeit,
weing de hätte de ich Glück.
Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.

Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente.

Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas.
O anjo da história deve ter esses aspecto.
Seu rosto está dirigido para o passado.
Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única,
que acumula incansavelmente ruína e as dispersa a nossos pés.
Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos,
mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las.
Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas,
enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu.
Essa tempestade é o que chamamos progresso. 1940 Tradução de Sergio Paulo Rouanet

Penso nesse anjo travestido como uma "maid", frágil subserviente, inoperante como anjo, passível diante dos fatos.

Tempestades virão, com o nome que quisermos dar, porém, sempre como na guerra, não teremos opção, é matar ou morrer. Retroceder é a saída dos fracos, insistir é a alternativa dos fortes.
Se o progresso transforma-se em tempestade, como na Tese 4 , deve-se ficar "atento a essa transformação, a mais imperceptível de todas."

Ter a consciência do que quer nos dominar, para onde querem nos levar, o que nos acedia e quer se apropriar dos nossos pensamentos por um convencimento emotivo, esse é o anjo, o anjo da barbárie.

Um progresso interessado na execução da esperança, adversário, com a "subordinação servil a um aparelho incontrolável" buscando o aval no "apoio das massas", não interessa.

Outrora, diríamos, é a "exploração do proletariado" ," é o escravo de outros homens, que se tornaram... proprietários".

Não, não é a escravidão ingênua e complacente do capital.

Falo da escravidão da mente corrompida, corrompida pelas fantasias irresistíveis do mundo, como um catalisador, que se cristaliza, se amálgama perfeitamente com o pervertido.

0 comentários:

Comentários