# 17 Alguns contràrios que não são a mesma coisa.

SOL LEWITT não é SOL LE WITT
CABINE é CABINA
e os outros também.
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Paulo Archias Mendes da Rocha X Flavio Motta

Ainda estudante de arquitetura visitava o escritório de Paulo Mendes da Rocha, no Conjunto Nacional depois na Bento Freitas com a freqüência de um estagiário, não era.
Gostava de ver os projetos que estavam em fase de construção, lias as plantas e ia para as obras, quase sempre era a Cempla, a construtora.
A construtora entendia que eu era um funcionário do escritório de arquitetura, tal era meu conhecimento do projeto, o mesmo se dava com o Paulo, acreditava ser eu um funcionário da construtora, pelo meu conhecimento do estádio das obras.
Aprendi muito vendo o desenvolvimento dessa arquitetura frente aos conceitos e possibilidades construtivas.(Completei um pouco mais meu aprendizado quando contratei o Engenheiro Mitsutani para calcular minha casa)
E foram várias as obras e projetos vivenciados: Millan (hoje casa do Paulo Leme), Nadir, Junqueira, (com uma bela biblioteca, aliás, uma das casas mais bonita e completa que vi em minha vida), Ligia King (?) (uma fantástica morada em Interlagos, com um conceito estrutural similar ao do MAC), uma outra na Chácara Flora.
Nessas minhas perambuladas pelo escritório, sempre havia algumas discussões com intelectuais, professores e artistas onde eu participava como ouvinte e sempre aprendendo.
Numa dessas, estava o Professor Flavio Motta, a quem sempre admirei, mas discordava dele em algumas de suas visões sobre as artes.
Mantenho com o Professor um respeito e admiração que me permite fazer-lhe visitas em sua residência até hoje, quando passamos o dia. Almoçamos, lanchamos entre conversas e trocas de idéias e sempre há boas histórias por ele contadas, tudo num fraterno carinho e respeito entre ambos.
Quando o Arquiteto Paulo estava finalizando o projeto do MAC para a USP numa coincidência feliz encontrei o Professor e o Arquiteto numa deliciosa discussão sobre arquitetura, eu ouvinte. (grande oportunidade de aprendizado foi aquela)
Lá pelas tantas o Professor justificando a implantação do MAC, no sentido decumanos em relação a cidade, sei lá se era isso, não me lembro mais.
Não resisti, disse:
- Tanto faz o sentido, se está no sentido cardos ou decumanos o museu é bonito pra caramba é perfeito para o lugar pra onde foi projetado !!
Os dois se olharam, o professor que não era e ainda não é fácil, disse:
- Você não sabe nada!!!. ( ou alguma coisa assim)
Respondi:
- Só sei que o museu é bonito pra caramba!!!!
Eu estava tremendo de raiva, mêdo e contentamento por defender aquele projeto.
Anos depois o Paulo me disse sobre o fato:
- O projeto é maravilhoso e ponto, o Flavio tava te amolando...
Sabendo que o Paulo Mendes da Rocha, acredita que a arquitetura é um discurso que extrapola a forma e que a cidade não precisa de penduricalhos, que precisamos é que se aprenda o que é fazer arquitetura e isso as escolas precisam ensinar. Conhecendo seu trabalho eu não tenho nenhum tipo de medo em dizer que ele o Paulo Mendes da Rocha está entre os melhores arquitetos do mundo.
Esse Prêmio Pritzker é mais do que merecido (estou me lembrando desde os projetos no escritório do Conjunto Nacional). E com os 100 mil dólares do prêmio... Tenho certeza que com ele o Paulo não irá equipar seu escritório com computadores gráficos de última geração, quiçá comprará um bom vinho.
Em tempo, o Professor Flavio Motta em Setembro de 1967 escrevia sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha na Revista Acrópole:

"... Dizer, por exemplo, que a arquitetura brasileira contemporânea, adquiriu prestígio internacional, é uma questão de prestígio que não fecha a questão. Muito pelo contrário, tem desviado o entusiasmo dos jovens para problemas competitivos, de nivelamento formal e final, conforme padrões que pouco dizem da consciência, do valor qualitativo e das possibilidades da arquitetura no Brasil. O próprio Niemeyer se esforça em corrigir essa tendência, com seu exemplar prestígio internacional, ao versar os problemas de arquitetura dentro dos rigores da crítica e da autocrítica. Artigas, também, muito pela sua atividade docente e pela sua obra, manifesta continuado empenho na recuperação, preservação e projeção da integridade da arquitetura. Paulo Mendes da Rocha não se distanciou dos ensinamentos desses dois arquitetos. Na verdade, pertence a uma geração já identificada ao Movimento Moderno, dentro das faculdades, entre o sistematizado e o institucionalizado, onde circulam as predileções e o entusiasmo por certos artistas(...) A proximidade e a simultaneidade com que procuramos situar os trabalhos de Paulo Mendes da Rocha, em relação aos dois arquitetos brasileiros, é apenas para frisar que os três estão aproximados e comprometidos à mesma experiência histórica e social.”

O professor pode me dizer que não sei nada, me comparando com êle não sei mesmo.
Não sei mesmo, só sei que o Paulo Mendes da Rocha é um arquiteto muito, muito bom, dos melhores, e o professor é um dos meus diletos amigos.

Mitologia de Yves Klein

água/fogo/terra/ar
fogo\terra\ar\água
terra/ar/água/fogo
ar\água\fogo\terra

Entendimento na cabine

Sobre a melancolia, não há como.
Essa tristeza vaga e persistente, está dentro da alma.
Vive pelos cantos, cantos centrais.
Na horizontal que liga as verticais, desequilibra o equilíbrio.
Se esconde e se mostra perversa.
Atravessa, causando aflição trazendo a ansiedade, estonteante.
Angustia.
No contentamento, até o regosijo entremeado, começa a luzir.
Até que.
Sobre a melancolia, não há como.
Essa tristeza vaga e persistente está dentro da alma.

... e depois de longa viagem, emergimos.


Fiquei átono ! ! !

No Submarino com Degas...

Crítico criticastro

Tríptico:DubaiXangai#06
Quando os críticos de artes elucidam novos "caminhos" pensam ser criadores da própria arte, isso tem o seu sentido, mas não é uma verdade. Como a ferramenta principal é a "palavra-conceito"(aí eu penso, conceito na lógica), podem ser, mas as vezes criam é enorme confusão.
Como há críticos mediocres há artistas mediocres(será). O pior dos críticos são os que gostam de ser gostados.
Um poder sub+liminar.
Penso que o trabalho do crítico é saber pesquisar e procurar onde estão se formando os novos "caminhos", não são eles o guia, mas já fizeram muitos artistas se encontrarem.

Sol Lewitt

Conheci o trabalho de Lewitt em 1972, ele sabendo como há relação sem proporções entre a lógica e a razão disse anos antes, em 1969.
"Os pensamentos irracionais deveriam ser seguidos absolutamente e logicamente".
Daí me fez refletir sobre o acidente na obra de arte, analisado com muita atenção poderá fazer parte ( e ser importante) ou ser um acréscimo sem sentido, ou ainda pior atrapalhar tudo.
Quando foi que o acidente foi incorporado na obra de arte?

Ah, as portas...










vento, porta, vento, porta, vento, porta, vento.

Quando precisou de uma porta?
Adão saiu por qual porta?
Em Jerusalém tem 4:
umas maiores, outras menores, diferentes.
As antigas já não são tão antigas, indiferentes.
Assim pensei em portas; não sei qual dos lados,
2 lados e muitas histórias.

Fábula do arquiteto

A arquitetura como constuir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem constuir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
o arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres; ar luz razão certa.

Até que tantos livres o amedrontrando.
Renegou dar a viver no claro e aberto.

Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homen: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

João Cabral de Mello Neto

As portas





...ter uma saída e uma entrada;
uma saída para uma entrada:
e uma entrada para uma saída.

Para apreciar o belo, há que possuir um espiríto cultivado ?

Há aspectos interessantes a serem analisados sobre a pintura, arquitetura e as artes em geral. Fernand Léger em Funções da Pintura, crê "que a necessidade de beleza está mais espalhada do que o ar" e que a beleza comporta uma incógnita que está sempre misteriosa para o admirador. A criação para o artista permanece sempre como um enigma parcial.
Vamos por mais cor na paleta...
Hegel diz que o artista ao realizar uma obra "obedece a um interesse particular, é impelido pelo anseio de exteriorizar um conteúdo particular”.

Diz também que a atividade artística precisa ser inconsciente para produzir com qualidade e que a consciência só perturba a atividade artística, prejudicando a perfeição (perfeição como obra de arte completa nos seus aspectos diversos).
Como a obra de arte necessita de "aspectos puramente técnicos só com a pratica adquiri o domínio” é o que ele também pensa.
O curioso é que, pelo lado do domínio da técnica isso passa a ser um problema da consciência. Sobre o juízo estético também de Hegel, este o juízo "deixa livremente subsistir o que existe fora de si" (sem consciência) e provem do prazer que se alcança no objeto artístico como tal sem que intervenha qualquer outra consideração e atribuindo ao objeto um fim em si"
Estas refleXões me faz ver que sempre será importante saber lavar um pincel após a seu uso, como saber utilizá-lo como ferramenta ou coisa integrante da obra.

Com Tomie Ohtake há prazer em praticar técnicas.











Tomie Ohtake  e Fernando Zanforlin em 1972

É praticar técnicas ou fazer arte?

É o prazer ou falta técnica ?

Coisa

Sendo a coisa mas genérica possível, "designando qualquer objeto ou termo, real ou irreal, mental ou físico, etc., de que de um modo qualquer, se possa tratar." N.Abbagnano
Qual é a luz que nos ilumina?